Nem o defeso era defeso sem um número destes. No final todos ficarão felizes.
Por Alexandre Pereira
Nem o defeso era defeso se não aparecesse uma boa novela à portuguesa para tentar animar as hostes.
Vamos esquecer as juras de amor de Fábio Coentrão ao Benfica - todos sabemos o que elas valem nas circunstâncias exactas em que são ditas e quanto podem valer noutras circunstâncias quaisquer.
A verdade é que o Real Madrid parece querer Fábio Coentrão, Fábio Coentrão quer o Real Madrid e o Benfica quer vender Fábio Coentrão. Tudo o resto é folclore, montado à vez: ora pelo lado do jogador/empresário (e em última instância Real Madrid), ora pelo lado do Benfica.
É o típico braço-de-ferro da transferência, no qual nenhuma intervenção pública é deixada ao acaso ou aos impulsos do momento. Ou seja: Coentrão sabia tim-tim por tim-tim o que queria dizer aos jornalistas durante o estágio da selecção e o que quis dizer na entrevista de ontem ao "Ás". Faz parte da estratégia do seu lado, e naturalmente ele não estará sozinho nesta operação.
O Benfica vai esticar a corda até onde puder e ver se consegue contabilizar o máximo de milhões possível na transferência, mesmo que depois pegue em parte do dinheiro e vá pagar ao Real Madrid outra meia dúzia de milhões pelo defesa-central Garay. Enquanto a pressão não inviabilizar o negócio, vai processar o jogador, ameaçar com queixas à FIFA e lembrar dia-sim dia-não que a cláusula existe, através de comunicados oficiais ou notícias de "fonte oficial do clube da Luz".
Coentrão, depois de lançado o torpedo, vai de férias calado até lhe dizerem que é bom falar outra vez, isto caso seja preciso. O Real Madrid vai esperar: se quiser mesmo Coentrão, vai tê-lo, pagando mais ou menos consoante a habilidade e a coragem do Benfica para esticar a corda. Se não quiser assim tanto, o Benfica vai ter um problema novo para resolver. Mas acredito que no final da história todos sairão felizes. Excepto, talvez, o treinador do Benfica, mas isso já é outra conversa.
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