domingo, 22 de maio de 2011

Taça: V. Guimarães-F.C. Porto, 2-6 (crónica)



James Rodríguez fez três dos seis golos do F.C. Porto no dia em que os dragões conquistaram o 16º troféu.
Por Luis Mateus

Primeiro tri de Taças azul e branca. Recorde de Ivic igualado. 16º troféu da história. Tarde de sonho de James Rodríguez e para o ataque de Villas-Boas, mas de inferno para as defesas de ambas as equipas, a acumular erros pouco condizentes com o estatuto que ostentam, e também para Edgar, cujo golo não atenua o penalty falhado e o desperdício na oportunidade mais flagrante do segundo tempo. Mais pitadas de magia para os adeptos portistas, a alimentar uma lenda que começou a ser escrita há meses. Futebol à tarde, uma arena a lembrar feitos heróicos (e como tantas arenas, a precisar que a preservem um pouco melhor) e golos de perder a conta. Até um canto directo acentua a intensidade de um encontro para recordar.

Sete-golos-sete em 45 minutos. Uau! E podiam ter sido oito, não fosse a defesa de Beto ao penalty de Edgar, um dos momentos-chave da partida. Estava 4-2, o brasileiro faria o terceiro à antiga equipa já nos descontos. O voo picado do guardião deu canto, o canto deu contra-ataque, o contra-ataque foi para os pés de Hulk, que se aguentou em pé perante Santana, chamou Nilson e passou para o lado contrário, onde James bisou e colocou a diferença em três golos praticamente inatingíveis.

O encontro começou com o Dragão a pressionar. Bolas roubadas no meio-campo, a cair para os flancos e a defesa do vitoriana, que já devia estar avisada, a permitir que a bola chegasse muito perto de Nilson. Os jogadores do F.C. Porto estavam mais fortes, mais rápidos e tinham mais vontade. Depois, quando se quer muito, a sorte ajuda. Aos 3 minutos, Belluschi foi derrubado, a bola sobrou para Hulk, que devolveu para trás. O argentino, já recomposto, rematou, com o tiro a ressaltar em João Paulo para James. 1-0.

A partida entrou numa vertiginosa e apoteótica sucessão de erros de parte a parte, mas antes os homens de Machado precisaram de subir uns metros e respirar fundo. Foi o que fizeram. E foi do lado de Alvaro Pereira que descobriram o filão, ganhando livres e cantos para o pé esquerdo de Anderson Santana. Aos 21 minutos foram premiados. Bola enrolada para a área, Rolando cabeceia mal, trai Beto e Alvaro Pereira não consegue mais do que confirmar o empate.

Mais um minuto, golo. De Varela, de primeira, a passe de James. Outro minuto, a resposta. Canto de Anderson, cabeceamento de Edgar. 2-2. Já se sentia que os erros defensivos eram muitos. E que quem cometesse menos venceria. E o Vitória cometeu mais dois de seguida, abrindo a desvantagem para números quase decisivos: aos 36, livre de James, Maicon sobe mais alto ao segundo poste, a bola vai à trave e Rolando confirma o 3-2. Aos 43, Nilson não pede a um lateral para ficar ao primeiro poste e depois chega tarde ao canto de Hulk. Estava feito (ou quase)! Mas antes, a catárse. Ombro de Fernando nas costas de Faouzi, queda, penalty e a defesa de Beto. Canto, contra-ataque e golo de James. Tinha acabado!

O segundo tempo teve mais oportunidades e mais erros. Mas para o F.C. Porto já era um treino, e para o V. Guimarães uma questão de honra. Hulk, Varela, James tiveram as suas para aumentar a vantagem; Edgar, do lado dos minhotos, a mais flagrante. Isolado, perante Beto, aos 69, permitiu que o guarda-redes defendesse. Incrível! E os dragões ainda fizeram o sexto, a fechar o hat trick de James, a passe de Hulk, aproveitando uma defesa desbataratada, que já carregava cinco golos nas costas (73).

Sai mais uma Taça para o Dragão, a que marca a ultrapassagem no número de troféus ao Benfica, no dia da confirmação definitiva do talento de James e de uma equipa (e um treinador) em estado de graça, já a reclamar desafios mais ambiciosos. Mais uma bonita festa com o Jamor a mostrar-nos outra vez por que existe. Apesar de tudo.

É verdade, alguém se lembrou de Falcao?

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