terça-feira, 31 de maio de 2011

Benfica pagou apenas 900 mil euros por Julio César



Luís Miguel Henriques, advogado de Jorge Jesus, explicou todo o processo da venda de Júlio César ao Benfica
Por Ricardo Gouveia

Luís Miguel Henriques, advogado de Jorge Jesus, explicou, em conferência de imprensa, todo o processo da venda do guarda-redes Júlio César ao Benfica. Uma história complicada que começa em 2007 e prolonga-se até 2009. O advogado coloca o treinador à margem deste sinuoso processo e explica as contas ao pormenor. No final, somadas todas as parcelas, o Benfica ficou ganhar 100 mil euros, uma vez que pagou apenas 900 mil euros do um milhão que tinha ficado inicialmente acordado.

Uma história que começa a delinear-se no início da época de 2007/08. Jorge Jesus era treinador do Belenenses numa altura em que o clube do Restelo passava por uma grave crise de tesouraria. Cabral Ferreira, então presidente do clube, entretanto falecido, explicou, a grave situação ao treinador e falou das dificuldades em encontrar um patrocinador. Jesus propõe, então, falar com o seu advogado, Luís Miguel Henriques, de forma a encontrar, junto da sua carteira de clientes, um patrocinador que permita saldar as dívidas a curto prazo.

«Não foram feitas buscas a casa de Jesus»

É nesta conjuntura que João Cristo, cliente de Luís Miguel Henriques, entra na história. Inicialmente com um patrocínio de 100 mil euros, mais tarde com mais 60 mil, para um patrocínio nos calções. A relação entre as três partes fortalece-se e Cabral Ferreira propõe, por altura do almoço de Natal, em Dezembro de 2007, a venda de 9 por cento do capital social da SAD a João Cristo. O processo arranca, com João Cristo a investir inicialmente numa empresa de comunicação, mas nunca chega a ser concluído, depois da morte de Cabral Ferreira.

A nível desportivo, o Belenenses tem um bom arranque de temporada, mas depois, com o caso Meyong, acaba a lutar para não descer. Na reabertura de mercado, em Janeiro de 2008, Jesus, pouco satisfeito com Marco Aurélio e Costinha, pede um guarda-redes. O clube tenta trazer Júlio César a custo zero, mas falha nos seus intentos e volta a recorrer a João Cristo para garantir o reforço. O investidor avança com cerca de 300 mil euros, através da empresa Silversharp, e fica com 80 por cento dos direitos desportivos do jogador, enquanto o clube fica com os restantes 20. Uma nova negociação, muda as contas para 70%/30%.

Jesus segue, entretanto, para o Sp. Braga e, mais tarde, para o Benfica. Já na Luz, o treinador volta a pedir um guarda-redes e sugere Júlio César, mas faz questão de pedir ao seu advogado que não se envolva nas negociações com o Benfica. O acordo fica rapidamente selado pelo valor de um milhão de euros. O Belenenses, com trinta por cento dos direitos desportivos, teria direito a 300 mil euros, um excelente negócio, tendo em conta que o investimento foi zero. Mas uma negociação com João Cristo permite ao clube ficar com metade do valor da transferência, 500 mil euros. Melhor ainda.

A confusão começa quando o Benfica, em vez de pagar a pronto, avança com 24 letras de pagamento. Tendo em conta a situação complicada do clube, o Belenenses levanta as doze primeiras. A Silversharp, uma empresa de computadores, não consegue levantar as restantes letras e volta a negociar com o Benfica que propõe a compra das doze letras por 400 mil euros. Dessa verba, o Benfica reteve ainda 25 mil euros, de forma a prever um eventual pedido de compensação, por direitos de formação, da parte do Botafogo.

João Cristo, que chegou a poder ter um encaixe de 700 mil euros, viu, assim, o investimento cair para apenas 375 mil. Mais um problema. A empresa que recebeu este último valor, já não foi a Silversharp, mas a recém formada Sclube que tem o mesmo número de contribuinte.

«Jorge Jesus apanha por tabela devido à ligação profissional que mantenho com ele», destacou o advogado.

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