quarta-feira, 20 de abril de 2011

Jesus: não foi de mestre


Benfica, uma equipa de excessos
Por Luís Sobral

É errado fazer análises a partir de um jogo. Errado e injusto, sobretudo se estivermos a falar de Jorge Jesus, um treinador com obra feita no Benfica.

Por isso, este texto não é sobre a temporada «encarnada». É apenas sobre o jogo desta quarta-feira, com o FC Porto, para a Taça de Portugal.

E esta noite, se calhar não por acaso, o Benfica demonstrou um traço que lhe é característico, a incapacidade para gerir uma partida. Com Jesus, ganha-se ou perde-se, raramente se empata. Esta época, apenas três vezes, e todas recentemente (PSG, Portimonense e PSV).

O Benfica precisava sobretudo de saber estar. Controlar o adversário, a sua própria intensidade e a vantagem de dois golos, conquistada no Dragão. E isso os «encarnados» não conseguiram. O FC Porto, aparentemente mais pressionado pela necessidade de andar depressa, pareceu sempre dominar o jogo.

Uma parte disto não pode deixar de ser treinador. Porque Jorge Jesus escolheu esta forma de jogar, muitas vezes caminhando sobre uma linha estreita. E, sobretudo, porque parece ainda não ter tido tempo para construir uma alternativa, algo que lhe permitisse surpreender os adversários, expor-se menos quando tal é desnecessário.

Para quem dá tanta importância aos aspectos tácticos, Jesus lidera uma equipa relativamente previsível. O Benfica é aquilo, o que muitas vezes é bom. Mas nem sempre é o mais adequado e se nota mais frente a adversários mais astutos e desenvolvidos.

Esta noite, quando foi preciso acrescentar alguma coisa, Jesus tão pouco descobriu um coelho no banco. A substituição de Javi Garcia por Kardec foi uma resposta primária. Poderia resultar frente a um adversário cansado, fraco, sem grande moral. Mas não com o FC Porto. Sem o melhor médio para os minutos finais, o Benfica entregou os últimos suspiros ao meio-campo de André Villas-Boas. Não foi de mestre.

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