domingo, 28 de novembro de 2010

Sporting - Porto


Sporting-F.C. Porto, 1-1 (crónica)
Se o leão jogasse sempre assim...
Por Ricardo Gouveia

Sporting e F.C. Porto empataram (1-1), num jogo que ficou inevitavelmente marcado pelo regresso de João Moutinho a Alvalade. Um resultado certamente mais difícil de digerir para Paulo Sérgio depois de uma primeira parte quase perfeita dos leões. O dragão acordou a tempo de evitar o prejuízo maior e segue sem derrotas sob o reinado de Villas Boas.

Confira a FICHA DO JOGO e as notas dos jogadores

As duas equipas entraram em campo inibidas, com muitas cautelas, procurando ganhar posição em campo, deixando a bola para segundo plano, à procura dos pontos fracos do adversário. Um figurino idêntico para os dois conjuntos, que apostavam no passe curto e certinho, com forte preocupação em não perder a bola. Liedson, lançado por Postiga, assinou o primeiro remate, mas Falcao respondeu no minuto seguinte com a melhor oportunidade do F.C. Porto, valendo ao Sporting a saída de Patrício para anular um golo que parecia certo. Agora sim, parecia que o jogo ia começar.

O Sporting de facto foi-se soltando, conseguindo mais profundidade nos ataques, tirando claro benefício do excelente posicionamento dos seus jogadores. Pedro Mendes, Maniche, André Santos e Valdés eram só quatro, mas pareciam oito, desmultiplicando-se nas marcações ao adversário, nas compensações e na abertura de linhas de passe. O leão foi crescendo, assim, de forma sustentada, na mesma medida em que o dragão foi minguando, sem saber o que fazer à bola. A inibição de Moutinho, alvo de forte marcação das bancadas, com constantes assobios, ainda era compreensível. Mas Varela, Hulk e Falcao foram sombras deles próprios ao longo de toda a primeira parte.

Sem correr muitos riscos, o Sporting foi conquistando metro após metro até ter a baliza de Helton à distância de um remate. Postiga foi o primeiro a experimentar, André Santos também tentou e Pedro Mendes acertou em cheio na barra. Apesar de todos estes avisos, o F.C. Porto continuou impávido, a arrastar-se me campo e a obrigar Patrício a improvisar um aquecimento na sua área para não arrefecer. E foi dos pés do guarda-redes que nasceu o golo do Sporting. Um longo pontapé e uma má abordagem de Maicon ao lance a deixar Valdés destacado diante de Helton. O chileno partiu de posição irregular, mas Jorge Sousa não deu por isso e Valdés atirou a contar. Um golo irregular que dava forma ao maior domínio do Sporting e castigava a displicência com que a equipa de Villas Boas encarou o jogo.

As bancadas continuavam concentradas em não dar um minuto de descanso a Moutinho e não gostaram quando Liedson deitou uma bola para fora para que o antigo companheiro pudesse ser assistido. Um gesto que retratava bem a tranquilidade que o Sporting derramava em campo. O F.C. Porto estava obrigado a mudar de atitude depois do intervalo. E de facto mudou. A começar pela velocidade que imprimiu no arranque da segunda parte, conseguindo, finalmente, abeirar-se da baliza de Patrício. Hulk apareceu finalmente no jogo, primeiro com um remate em arco, depois com uma assistência para Falcao que obrigou Patrício a também a entrar em jogo. À terceira, o empate. Combinação de Hulk com Moutinho e cruzamento do brasileiro para Falcao concluir. Fácil.

Agora era o F.C. Porto que crescia a olhos vistos, com o Sporting a perder o controlo que tão bem tinha exercido na primeira parte. Paulo Sérgio lançou Yannick e Vukcevic, mas pelo meio, o quadro sofreu uma alteração profunda. Liedson ganhou uma bola a Maicon e caiu quando passou pelo central. Cartão vermelho a proporcionar novo equilíbrio de forças. Villas Boas, que já tinha prescindindo de Varela, teve também de abdicar de Falcao para compor a defesa com Otamendi.

O jogo acabou aqui. O Sporting ainda procurou a vitória, mas o F.C. Porto segurou a invencibilidade com unhas e dentes.



Villas Boas: «Foi pura caça ao homem em relação a Moutinho»
Sporting-F.C. Porto, 1-1 (reportagem)Por Ricardo Gouveia
André Villas Boas, treinador do F.C. Porto, depois do empate com o Sporting (1-1), no Estádio de Alvalade, em jogo d 12ª jornada da liga:

[Um jogo com muitos casos, a expulsão de Maicon foi decisiva?]
- A expulsão do Maicon acontece no nosso melhor período, depois tivemos de nos readaptar ao jogo e os nossos objectivos passaram a ser outros. Parece-me claro que há lances a analisar. Deixo ao vosso critério as vossas análises, depois vou ler. Quanto à minha expulsão, parece-me um pouco injusta. Disse apenas que achava escandalosa e gritante a dualidade de critérios que estava ter. O Sporting apresentou-se de forma agressiva, no sentido positivo, mas quando passa dessa agressividade para a caça ao homem, o árbitro tem de intervir. Foi uma perseguição a Moutinho, pura caça ao homem. Agressões atrás de agressões, pisadelas e empurrões. Não digo vermelhos, mas ficaram amarelos por mostrar. Sem tirar mérito à forma como Sporting se apresentou na primeira parte. Uma boa primeira parte do Sporting, uma boa segunda parte do F.C. Porto até à expulsão do Maicon.

[Esperava este ambiente em redor de Moutinho?]
- Nunca espero que passe a este tipo de agressões. Obviamente que há lances que são mais agressivos do que outros. Acredito que há mais amarelos por mostrar ao Sporting. Não estou a fazer disto um caso do jogo, foi um jogo emocionante. Foram duas partes distintas. O Sporting melhor na primeira parte, nós melhor na segunda. Podíamos ter chegado ao golo, o Sporting pareceu-me cansado e débil, podíamos ter conseguido a reviravolta.

[O golo do Sporting foi irregular?]
- Parece-me claro. Foi um golo irregular.

[É um bom resultado para o F.C. Porto?]
- Tendo em conta as adversidades, o resultado é bom. Tendo em conta que era uma deslocação complicada, em casa de um candidato ao título. Era um jogo que podia fazer renascer o Sporting. É um empate pesado para os Sporting. Com estas adversidades, o empate acaba por ser positivo para o Porto.

[Esperava este Sporting?]
- O Sporting apresentou-se muito bem na primeira parte, com agressividade na redução dos espaços. Faltou-nos definir melhor os lances, acabámos por conseguir poucos remates. A forma como o Sporting saia em transição, é de louvar. Mas foram duas partes distintas. Estivemos melhor na segunda parte até à expulsão.

«Um dia chocaremos com a derrota»

[O facto do F.C. Porto continuar invencível, continua a ser um tónico para os adversários?]
- Acredito que sim. É um bom tónico motivacional. Não sei onde foram buscar a ideia que um dos nossos objectivos é terminar o campeonato sem derrotas. Um dia chocaremos com a derrota. Só as equipas que roçam a perfeição acabam um campeonato sem derrotas.

[É a segunda falha de Maicon, já tinha sido expulso na Turquia]
- Penso que não, a falta não é assim tão clara. O Liedson é um jogador experiente, sabe utilizar o mínimo contacto para cair. Tenho de acreditar no meu jogador. O Maicon diz que não lhe tocou. Ele não viu a pressão chegar, são lances que podem acontecer.

[Este empate pode relançar o campeonato se o Benfica vencer amanhã?]
- Para mim o campeonato esteve sempre relançado. Vocês é que ditaram com a distância de dez pontos o fim o campeonato, o que me parece caricato. O campeonato está sempre em aberto e o Benfica pode reduzir diferença. Agora é bom dizer que viemos a casa de um candidato ao título e deixámos o candidato a treze pontos à 12ª jornada.

[O que mudou na segunda parte?]
-Um apelo à revolta. A única forma de responder a agressividade do Sporting era ser igualmente forte. Houve um factor decisivo que foi a mudança de posição de Bellushi para trás do Pedro Mendes. Obrigou Polga à construção de jogo.

[O que achou da exibição de Moutinho?]
- Não costumo fazer apreciações individuais. Foi uma exibição do colectivo forte. É um jogador que regressa a uma casa que foi sua, mas que ajudou o F.C. Porto a atingir os seus objectivos.



As coisas más do clássico
Ainda foram algumas, em Alvalade
Por Luís Sobral
Os aspectos negativos do clássico entre Sporting e F.C. Porto.

Poucas oportunidades de golo.

As maçãs de Moutinho que foram parar a Helton.

A agressão vergonhosa de Maniche a João Moutinho.

A falha de Maicon no golo do Sporting.

A falha de Maicon que permitiu a simulação de Liedson e custou o vermelho ao central portista.

Vukcevic e a necessidade de lhe oferecerem uma bola só para ele no Natal.

O eclipse de Hulk.

Os remates ao lado de Postiga.

A troca de Varela por Guarin, logo quando o F.C. Porto estava a jogar bem.

As más opções de Paulo Sérgio na segunda parte, retirando rotina à equipa e enchendo-a de avançados, perdendo assim a boa qualidade de construção.

O público. Foi a melhor casa da época em Alvalade. Está bem, mas eu ainda sou do tempo em que os estádios esgotavam em dia de clássico.

Jorge de Sousa, que deixou passar um fora-de-jogo de Valdés, foi enganado por Liedson e não viu a agressão de Maniche.

Por fim, a expulsão de André Villas-Boas. Seria mau se fosse a primeira vez. Assim começa a ser ridículo. Sempre que não ganha, o treinador do F.C. Porto é expulso. Apesar da tenra idade, é legítimo esperar um pouco mais de maturidade no banco. Já passaram uns meses, é tempo de Villas-Boas deixar o adepto em casa e levar para o banco apenas o treinador.

A minha opinião:

Não sei se o árbitro se encontra com problemas de visão, ou neste momento com um dinheirinho extra na conta bancária. Sim, porque na verdade, o árbitro alegou não ter visto aos 61 minutos João Montinho a ser agredido por Maniche,e Ficar caído no relvado, os 70, o livre de Vukcevic, a bola sair forte em direcção à cara de Moutinho. Mais uma vez, queda. Não assinalou o golo em fora de jogo de Valdés, jogador do Sporting (sim foi fora de jogo, os vídeos e as imagens comprovam, além de toda a gente concordar)porque não reparou. Reparou pois na falta feita por Maicon, uma falta comum que deu direito a vermelho, fechando os olhos a faltas bem piores do lado sportinguista que ficaram por assinalar.
É injusto, por tudo o que os dragões fizeram ao longo da prova. Ao mesmo tempo permitiu sair desta noite com o sentido de dever cumprido.

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