domingo, 28 de novembro de 2010

João Moutinho

O 'efeito' João Moutinho
Está longe de ser caso virgem mas promete incendiar os ânimos em Alvalade. O regresso de João Moutinho a casa do Sporting, agora com a camisola do FC Porto, foi um murro no estômago de muitos adeptos leoninos e um petisco para a barriga dos portistas.


A saída de Moutinho desencadeou ondas de ódio em Alvalade, embrulhadas em críticas contundentes à conduta do jogador. Bettencourt disse mesmo que Moutinho era uma maçã podre.
Mas os sportinguistas já estavam escaldados por um episódio em 1984. Paulo Futre, o menino-bonito dos leões naquela época, mudou-se para o FC Porto (rescindiu alegando falta de condições psicológicas), e levou mesmo a um corte de relações da Direcção presidida por João Rocha com Pinto da Costa. Foi uma retaliação às contratações pelo Sporting de Jaime Pacheco e Sousa, que voltaram ao FC Porto para ser campeões europeus em 1987 ao lado de Futre, na célebre final de Viena e do golo de calcanhar de Madjer, frente ao Bayern de Munique.
Desta vez, não houve corte de relações por causa de Moutinho. Mas a mudança do ex-capitão ainda hoje é difícil de digerir em muitos sectores de Alvalade. Mesmo descontando os 11 milhões de euros que o internacional português rendeu ao Sporting. Futre não deu um tostão.
Simão Sabrosa é outro bom exemplo de rancor leonino. Depois de se transferir do Sporting para o Barcelona, voltou a Portugal e para o rival Benfica. Ao referir que queria ganhar ao Sporting para deixar os leões fora do título em 2002, cresceu o sentimento de antipatia pelo agora jogador do Atlético de Madrid. Sempre que Simão joga em Alvalade é assobiado, mesmo com a camisola da Selecção, além de ouvir cânticos insultuosos.
António Sousa, jogador que saiu do FC Porto para o Sporting e depois voltou aos dragões, perspectivou, em declarações ao Correio Sport, o que Moutinho vai encontrar em Alvalade. "Ele vai passar um mau bocado, sobretudo no aquecimento e primeiras vezes em que tocar na bola. Os adeptos não costumam perdoar e vêem estas transferências como traições, mas o João é psicologicamente forte, tem bagagem. Se aos 19 anos já se dizia que tinha grande maturidade, agora, com 24, estará mais imune a essas pressões do exterior. A concentração que o clássico exige vai fazê-lo abstrair de tudo o resto", prevê.
MUDANÇAS - CHOQUE
JAIME PACHECO
Jaime Pacheco alegou ordenados em atraso para sair do FCPorto para o Sporting. Esteve dois anos em Alvalade e regressou ao Porto
SOUSA
António Sousa seguiu com Pacheco e sentiu na pele a repulsa dos adeptos portistas quando jogou nas Antas pelos leões
FUTRE
Paulo Futre alegou falta de condições psicológicas, rescindiu e transferiu-se do Sporting para o FC Porto. Um duríssimo golpe em Alvalade



Bettencourt: tarde falaste
A propósito de João Moutinho Por Luís Sobral

Ponto prévio: as palavras de José Eduardo Bettencourt sobre João Moutinho são, mais do que sinceras ou louváveis, necessárias.

Depois do que foi dito sobre o médio, o regresso de João Moutinho a Alvalade é um dos momentos de alto risco da temporada. Logo, tudo o que seja feito no sentido de retirar pressão é bem-vindo.

No entanto, estas palavras do presidente do Sporting são, antes de mais, a confissão pública de um erro grave. A forma como, no momento da saída, Bettencourt atacou João Moutinho foi inaceitável. Um presidente não pode dirigir-se daquela forma a um jogador com o histórico leonino do internacional português.

Bettencourt esteve mal e o que diz hoje não retirará da história as frases do Verão. Como se está a verificar, ainda por cima não tinha razão. João Moutinho tem feito uma época notável no F.C. Porto e na selecção; o Sporting está como se vê. Ou seja, obviamente o que saiu não foi uma maçã podre mas sim um excelente profissional e um dos melhores futebolistas da sua geração.

P.S.: Não sei se já o fez, não há notícia disso: o que ficava bem a Bettencourt era pegar no telefone e pedir desculpa a João Moutinho pelo que afirmou publicamente.

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