segunda-feira, 26 de março de 2012

Resumidamente: 2011/2012

SEGUNDA-FEIRA, 26 DE MARÇO DE 2012 in www.laemcasamandoeu.blogspot.com

Aos jogadores do Porto

Desisto. Já não há desculpas ou explicações rocambolescas que justifiquem isto. Não percebo, não consigo nem quero perceber, como é que vocês não querem ser campeões. Eu quero, muito mesmo, e claro que sei que ainda está perfeitamente ao nosso alcance, mas estou cansada de puxar por vocês e de ter tão pouco em troca.

Já todos sabemos que a época foi mal planeada. Ficámos sem treinador de repente, perdemos um grande avançado e alguém achou que o Kléber era jogador para o FCPorto. Se me esforçar muito, até consigo compreender a frustração de alguns de vós, mais interessados noutros voos, que nem sempre se traduzem em mais conquistas, mas certamente numa carteira mais recheada.

Também tenho consciência que o treinador não é grande coisa, que não tem garra, que parece estar sempre disposto a dar a outra face para levar ainda com mais força, e que não vos faz sentir os melhores do mundo. Sei ainda que não deve ser fácil a uma equipa que ganhou tudo manter-se motivada, ainda por cima quando os próprios adeptos, no nosso estádio, se portam como atrasados mentais de primeira.

Eu sei isso tudo, juro. Foi por isso que passei a época toda a defender-vos, a acreditar em vocês, a tentar encontrar respostas para a vossa mais do que evidente incompetência. Vocês perderam a Supertaça Europeia, mas, porra, era o Barça. Vocês levaram 3 da académica para a Taça de Portugal e eu desculpei-vos a vergonha. Vocês foram eliminados da Liga dos Campeões e eu fiz notar que a Liga Europa estava mais ao nosso jeito. Vocês foram eliminados da Liga Europa e eu ainda engoli isso, porque o city me parecia uma equipa incrível, com estrelas do outro mundo, até que vi a porcaria dos lagartos a ultrapassá-los descontraidamente. Vocês perderam pontos com feirenses, olhaneses, gil vicentes e académicas, mas eu não deixei passar os claros erros de arbitragem que não vos deixaram ganhar. Vocês não ganharam em alvalade e ao benfica em casa, mas deram-me uma grande alegria na luz.

Portanto, eu não merecia isto que vocês me fizeram em paços de ferreira. Eu não merecia que pedissem a minha força, a força que já me falta, para depois fazerem aquela figura. Sabem porquê?

Porque vocês dizem e escrevem por aí que Somos Porto, mas vocês não são do Porto como eu. Podem ser durante uns tempos, dar-nos muitas alegrias e viver isto mais ou menos como os verdadeiros. Mas eu sou do Porto desde sempre e para sempre. Sou eu que estou lá nos grandes momentos a festejar ao vosso lado e sou eu que tenho de aturar os amigos de outros clubes no dia seguinte quando vocês se portam mal. Eu estive em Sevilha, em Gelsenkirchen e em Dublin, mas também estive no temporal de Bratislava, na goleada de Manchester ou a sofrer golos do Pauleta em Paris.

Para vocês, o Porto é passageiro. Festejam aqui umas coisas, ganham fama e dinheiro e dão o salto para outro lado. É tão fácil, não é? Falamos de um clube que vendeu o Cissohko por 15 milhões, portanto, onde tudo é possível. Aqui até o Maniche foi uma estrela, o Marco Ferreira foi campeão e o Pena melhor marcador de um campeonato. Aqui os meninos são todos apaparicados, há uma estrutura que vos faz as vontades todas e onde até a besta do Cristian Rodriguez pode ter tudo o que quer.

Vocês acham que estão a fazer um grande favor ao Porto? Acham-se tão bons que a qualquer momento estão no real madrid ou no chelsea? Vivem à sombra da época que nos deram o ano passado? Mas já pensaram bem no que vocês eram sem o Porto? Moutinho, tu estavas em quinto lugar. Rolando, tu estavas na segunda. Hulk, tu estavas a matar japoneses com remates para a bancada. Daqui a uns anos, vocês vão perceber que o Porto não foi só mais um clube por onde passaram. Nessa altura, provavelmente a maioria de vós vai recordar o Porto como o único clube onde ganharam algo. Um dia, vão contar aos vossos netos como foi dar 5 ao benfica e ser campeão na luz. Vão ter muito orgulho no que fizeram, mas também irão arrepender-se de não ter corrido um bocadinho mais na Mata Real.

Se não formos campeões este ano, a culpa é vossa. São vocês que não querem, está visto. E para o ano alguns de vós vão às vossas vidas, enquanto outros ficam e esperam por um novo treinador e um plantel mais equilibrado. O futebol é assim, está sempre a mudar e não é possível ganhar sempre.

O problema, para mim, é que eu vou continuar a ser do Porto, aconteça o que acontecer. Não posso pegar nas minhas coisas e ir para outro clube ganhar mais. Não posso fazer fita para ter um novo treinador. Não posso entrar em campo sem motivação, sem querer, sem vontade. Eu não ganho nada com isto. Não sou rica como vocês, não tenho as vossas casas e os vossos carros, e quando vou ver o Porto não vou no vosso autocarro ou avião super confortáveis. A única coisa que eu tenho é este amor, esta paixão cega pelo meu clube, que me faz pedir-vos uma última vez: ganhem os jogos que faltam. Sejam campeões. Se não for pelo treinador, pelo clube, pelo dinheiro ou pela fama, façam-no pelo menos por mim.

Publicada por C. em 22:45



Comentário:

Chorei a ler. Esta é a grande verdade. Porque somos nós que choramos as derrotas e aplaudimos as conquistas sem nada ganhar e eles ao fim e ao cabo tem o mesmo dinheiro no fim do mês quer ganhem, quer percam. Moro numa terra minúscula com menos de 100 pessoas e onde sou a única portista. Nunca me envergonhei de gritar pela minha equipa nos cafés de cada golo que marcavam e de assobiar os outros por cada vez que sofríamos um golo. Mesmo estando rodeada de mouros e lagartos que me olhavam furiosos. Todos os dias que ia à escola, tinha de inventar uma desculpa para o descalabro. Quando me perguntaram o porque de não termos ganho em manchester, respondi que a arbitragem estava do lado oposto. Quando me perguntaram porque tínhamos perdido na luz, desculpei - me dizendo que deviam ver melhor o golo do Nolito ou o fora de jogo do Hulk. Mas já não ha desculpas. Como poderia haver? Não perdi um unico jogo o ano passado, porque achei (sim, eu realmente achei) que eles se importavam. Mas finalmente entendi que por muito que nós amemos uma equipa, não é esse amor que nos fará ganhar. Isso tem de partir deles e só deles. Temos um dos melhores (se não mesmo o melhor) plantel de sempre e mesmo assim não chegamos lá. São cartas como estas que eles deviam ler, ao invés de andarem por aí simplesmente a passear pelos relvados.

Ana Nunes

domingo, 6 de novembro de 2011

Barcelona-F.C. Porto, 2-0 (crónica bastante atrasada, mas para fechar tudo o que ficou para trás)






A melhor equipa do mundo não brilha apenas, também tem estrela: por isso bateu três recordes
Por Sérgio Pereira com enviado-especial ao Mónaco

O F.C. Porto não ganhou a Supertaça, mas provavelmente nunca esteve destinado a fazê-lo. Por uma razão: toda a força do planeta é demasiado curta para derrotar este Barça. Os jogadores saíram para o jogo com o alento e o entusiasmo do mundo nas botas, um mundo ávido por encontrar um herói.

Não chegou, e o mundo pode dar-se por conformado: este Barça continua a ser uma super-equipa e sem oposição. Muito provavelmente prevaleceu a lei do mais forte, que desta vez se afirmou de uma forma estranha: um erro de Guarín proporcionou a Messi fazer o golo que precipitou o resultado.

Veja a ficha de jogo e as notas dos jogadores

Mais do que o erro, importa destacar a singularidade disto tudo. Messi estava atrasado, até alheado do jogo, quando a bola veio ter com ele e pediu que fizesse golo. No fundo não há nada a fazer, e por isso se diz que o F.C. Porto nunca esteve destinado a ganhar: este Barça não é só o melhor, é o mais afortunado.

É certo que nessa altura os azuis e brancos começavam a vacilar. A equipa tinha entrado muito bem no jogo, pressionava o Barcelona logo no meio-campo adversário, forçando o tal erro que Mourinho descobriu recentemente: os catalães perdem a capacidade de ser perigosos quando pressionados na defesa.

Por isso o F.C. Porto foi melhor nos primeiros vinte minutos. Teve menos bola, mas foi mais perigoso. João Moutinho e Hulk, por exemplo, ficaram muito perto de marcar. O Barcelona só respondeu num chapéu ameaçador de Pedro. Com o tempo, porém, o esforço portista apresentou uma fractura.

Guarín: «Pensei que estava lá o central...»

O Barcelona tinha por esta altura 70 por cento de posse de bola, que trocava cada vez mais à vontade e fazendo cada vez mais o F.C. Porto esgotar todas as forças. Por isso na altura em que chegou ao golo já ameaçava marcar a qualquer altura. Passou para a frente do resultado e ficou como peixe em água.

A partir daí temeu-se o pior, mas só um receio. O F.C. Porto não acusou o toque cruel e manteve-se na fronteira do empate até praticamente ao fim do jogo. É verdade que o Barcelona também podia ter marcado numa ou outra ocasião, mas as melhores oportunidades foram de Moutinho e Guarín.

Pelo meio, é impossível ignorá-lo, ficou por assinalar um penalty claro sobre Guarín. Os portistas reclamaram muito, e com razão, aquela podia ser uma jogada determinante. Mas também é verdade que antes Bjorn Kuipers tinha parado o jogo quando Messi ia isolado para a baliza: é mau árbitro.

Destaques: Messi a estrela, Guarín o negativo

Depois, já em cima do fim, e após Rolando ter sido expulso, Fabregas fez o resultado final num grande golo: Messi cruzou, o médio parou no peito e rematou de primeiro. Bonito! O jogo ainda haveria de dar mais que falar, sobretudo na entrada muito dura de Guarín sobre Mascherano.

O colombiano saiu de campo antes de tempo, no fim de um jogo desastrado, e expulso por vermelho directo. Mas o essencial da história já estava escrito: o Barcelona não brilha apenas, também tem estrela. O F.C. Porto, esse, saiu de campo de cabeça erguida. Completamente erguida, aliás.

Não igualou o Barcelona em posse de bola, mas lutou até ao fim. Perdeu, é certo, mas perdeu perante uma equipa para a história: o Barça ultrapassou o Real Madrid e Guardiola ultrapassou Cruijff em número de títulos. Messi, esse, já marcou em todas as provas. Lógico, não?

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Barcelona - FC Porto "Missão possível"

Alguém está à espera de um resultado que não seja a vitória do super-Barcelona na partida desta noite? Dificilmente. A equipa de Pep Guardiola é a melhor da actualidade, provavelmente a melhor de sempre, e chega a esta Supertaça Europeia ainda mais confiante depois da vitória sobre o Real Madrid do super-José Mourinho. Posto isto, o FC Porto vai ter esta noite o jogo mais fácil da temporada; perder será normal, ganhar terá contornos de feito sobrenatural. O Barcelona e favorito, mas favoritos também foram o Bayern e o Ajax e perderam.

sábado, 20 de agosto de 2011

Mário Zagallo: a fama ajudou-o num assalto


L
adrões reconheceram-no e deixaram-no seguir com o carro, levando, apenas, um fio de ouro, um relógio e outros objectos pessoais.
Por Redacção com JTF

A fama tem destas coisas, prejudicial umas vezes, benéfica noutras. Uma faca de dois gumes, portanto. A Mário Zagallo, tetra-campeão do mundo pelo Brasil, serviu-lhe para ficar com o seu carro.

O ex-jogador e treinador, com 80 anos de idade, foi assaltado nos arredores da sede do Botafogo, no Rio de Janeiro, na madrugada de segunda para terça-feira. Um grupo de quatro homens atravessou o carro à frente daquele onde seguia Zagallo, juntamente com a mulher e o filho, numa altura em que regressavam a casa.

Depois, de acordo com a comissária Daniela Terra, mostraram armas de fogo para intimidar Zagallo e levaram um fio de ouro, um relógio e outros objectos pessoais. A ideia inicial era levar também o carro, mas um dos assaltantes reconheceu Zagallo e todos decidiram voltar atrás. Entraram no carro e fugiram, deixando o brasileiro seguir para casa com a família.

Rolando: o goleador que não gosta de abrir a boca



Em 2004/05, na estreia com a camisola do Belenenses, com meros 18 anos, demorou vinte e cinco minutos a marcar na Liga (3-0 ao Marítimo).
Por Vítor Hugo Alvarenga

Rolando representa a selecção de Portugal. Joga no F.C. Porto. Nasceu em Cabo Verde. Gozou a adolescência no Alentejo, quando os pais biológicos estavam em Madrid. Uma roda-vida. Está no topo mas é a antítese de um herói. Gosta de marcar à primeira para logo dizer, com excesso de humildade: «Não me peçam isto muitas vezes.»

Na Supertaça de domingo, o central bisou. Demorou três minutos a balançar as redes. Um ano antes, fizera exactamente o mesmo. Obra do acaso? Nem tanto. Em 2004/05, na estreia com a camisola do Belenenses, com meros 18 anos, demorou vinte e cinco minutos a marcar na Liga (3-0 ao Marítimo).

Figura no actual F.C. Porto, ídolo em Cabo Verde e em Campo Maior, terra alentejana que o viu crescer, Rolando conserva o perfil reservado de outrora. Fala pouco, protesta ainda menos. É central, mas nunca viu um cartão vermelho. Enfim, é uma paz de alma.

Ídolo de São Vicente a Campo Maior

Nascido em São Vicente, Rolando deu os primeiros pontapés no Batuque Futebol Clube. Neste verão, foi homenageado na terra-natal. Pela mão do empresário João Cardoso da Silva, rumou a Portugal para jogar no Campomaiorense. Tinha 15 anos e despesas pagas. Precisava de companhia. José, amigo de escola, foi como um irmão.

«Um dia, o José chegou a casa e disse: 'mãe, tenho um amigo, é de cor, pode vir cá almoçar a casa'? Eu respondi-lhe logo que isso não importava, claro que sim, que viesse. Hoje em dia, é como um filho para mim.»

O relato emocionado vem de Rosinda Paio, a «mãe» por adopção. Em Campo Maior, é recordado com saudade. «Com o tempo, habituou-se a nós e ficou cá a dormir. Só pensava em ser jogador de futebol, mas era muito inteligente. Era o rei da matemática. Aliás, na escola onde andou, há uma placa com o seu nome. Estão à espera dele para uma homenagem», explica-nos.

«Ele acabou o 12º ano e chegou a meter os papéis para a Universidade, quando esteve no Boavista a treinar, mas o Boavista tinha excesso de estrangeiros e o Rolando acabou por ir para o Belenenses», prossegue Rosinda. Recuámos a 2003. O central despedia-se do Campomaiorense.

Treinou no Boavista, mas não só. Segundo Alberto Bastos Lopes, então técnico dos juniores do Benfica, o clube encarnado chegou a ter Rolando nas mãos. «Fizemos um relatório que a aconselhava a sua contratação», contou, ao jornal i. Alguém decidiu o contrário. O defesa acabou no Belenenses.

A felicidade entre o enorme trauma

Rolando despediu-se da família alentejana. Luís Manuel e Rosinda Paio ficaram como pais, Luís Miguel e José Duarte como irmãos. O segundo suicidou-se em 2007. Um trauma. «O meu José era benfiquista doente. Se ele fosse vivo quando o Rolando foi para o Porto, insultava-o logo.»

«Quando o meu filho se suicidou, o Jorge Jesus (então treinador do Belenenses) impediu o Rolando de vir logo a Campo Maior. Achou que seria um grande trauma. Mas o Rolando acabou por vir no dia seguinte», recorda Rosinda, entre lágrimas.

Felicidade interrompida. Até então, tudo corria de feição a Rolando. Lançado por Carlos Carvalhal, na primeira jornada da Liga 2004/05, assinalou a estreia com um golo. Em 25 minutos. Agarrou o lugar. Em quatro épocas, afirmou-se. O F.C. Porto reparou. Desde 2008, é uma referência portista. Fez sempre mais de 40 jogos/época. A Europa está atenta, mas Rolando foge ao estrelado.

«Ele é muito tranquilo, não gosta de entrevistas, não se mete em confusões. Quando cá estava em Campo Maior, se não falássemos com ele, ele não abria a boca. Queria sempre ficar em casa, no quarto, agarrado ao computador. Ainda hoje, é assim, discreto», remata Rosinda Paio, em conversa com o Maisfutebol.

Afinal, Messi também provocou Mourinho

Gesto do argentino apanhado pelas câmaras de televisão
Por Redacção

Quase 48 horas depois, o Barcelona-Real Madrid ainda é notícia. Toda aquela tensão final com a entrada de Marcelo e a agressão de José Mourinho ao adjunto de Guardiola tiveram vários rastilhos durante o encontro. Pelo menos é isso que defendem os «merengues». O programa de televisão «Punto Pelota» divulga agora imagens que confirmam um dos alegados (não assumidos oficialmente) argumentos do Real: Messi provocou o treinador português com um gesto e ainda se atirou a Coentrão, que terá saído em defesa dos companheiros. Veja as imagens.